Por Rodolfo Stancki
Há algo de hipnotizante nas canções de origem celta. Não sei se por conta da variedade de instrumentos (que, juntos, produzem um som poderosíssimo) ou se é pelo efeito quase sinestésico de remeter à tradição de países como a Irlanda, Escócia, País de Gales, etc. O fato é que essas músicas prendem tanto a atenção quando tocadas ao vivo que o público dificilmente nota o tempo passar.
Foi o que aconteceu com um grupo de mais ou menos cinquenta pessoas, presente no museu Guido Viaro na última quarta-feira, dia dezessete de novembro. A banda curitibana “Gaiteiros de Lume” tocou por pouco mais de uma hora e meia e angariou a cada canção, palmas animadas do público. Antes de encerrar, os músicos Dario Knopfholz, Luís Felipe de Lacerda, Norton Blasi e Mateus Skolowski tocaram pelo menos três bis – e teriam tocado mais. “Gostamos muito do que fazemos, teríamos ficado por mais algumas horas se tivessem nos deixados”, revela Skolowski – responsável pela maioria de instrumentos de corda na banda.
Com um repertório variado, típico da própria música celta – que varia de canções melancólicas às mais animadas –, a banda aproveitou o evento para ensinar muito da cultura céltica ao público. “As canções celtas tradicionais são muito próximas às brasileiras de raiz, pois muitas tratam de personagens como os caipiras, que são levados a posição de herói”, diz Blasi – que toca uma espécie de tambor no grupo.
Dario Knopfholz, o flautista, conta que muitas das canções tratam de temas tipicamente irlandeses. “A música popular celta é bem variada, mas existem quatro temas básicos: mulher, amor, bebida e rejeição aos ingleses”. Uma composição que parece fugir desses arquétipos é Cunla, que fala sobre fantasmas.
Um dos destaques da apresentação é, sem dúvida, a variedade de instrumentos. Violões, gaitas de foles e flautas compõe um quadro de sons distintos que dão o charme a cada canção. Alguns deles são raríssimos, como é o caso da Villeann Pipe – gaita cuja banda possui um dos dois exemplares existentes no Brasil.
A “Gaiteiros de Lume” foi formada há cinco anos por Luís Felipe de Lacerda – o gaiteiro. A formação atual – com os quatro integrantes – tem pouco mais de um ano e está com diversos planos engatilhados. “Estamos fechando com um bar de Curitiba para tocarmos toda a semana, e o primeiro CD deve sair até o fim de dezembro”, afirma o fundador da banda.
Quem ainda não os ouviu, fica a recomendação.
Texto e Foto de Rodolfo Stancki.